A arquitetura do casarão centenário, onde acontece a CASACOR SC 2017, chama a atenção de todos que passam pela tradicional Praça dos Bombeiros, no centro de Florianópolis. Este imóvel, com toda sua história, nos inspirou…
Apresentamos o nosso olhar para CASACOR SC 2017!
Texto: Paula Costa e Alessandra Cavalheiro
Fotos/Lio Simas
Era uma vez, um casarão… E suas janelas!
Da praça, olhamos as grandes janelas do casarão centenário. O verde envelhecido dos perfis abre espaço para outros mundos. Cada ambiente é um mundo. Arte, arquitetura, design e muita criatividade. São estas as premissas de uma mostra como a CASACOR. Nesta edição de Florianópolis, a arte e a arquitetura estão ligadas com a história e a vida de um casarão de 107 anos. E as janelas se tornam as grandes protagonistas nesta história que vamos contar. São elas que inspiram e atraem os olhares de quem passa pelos 28 ambientes da mostra catarinense.
No ambiente “Mar sonoro… Mar sem fundo… Mar sem fim…”, do arquiteto Marcelo Salum, as paredes descascadas revelam a pintura original, dando o toque especial ao espaço, que traz poesia, arte, design e antiguidades, de uma forma leve e criativa. Os grandes janelões receberam cortinas claras, quase transparentes, que atraem os olhares para o desenho dos traços e das curvas das maiores protagonistas da arquitetura do casarão. O azul do mar, o verde das janelas e das plantas estão integrados ao espaço “total White” de forma elegante e harmônica.
No “Living para Rezar… E Amar!”, de Anna Maya e Anderson Schussler, as paredes foram desconstruídas e o tijolo antigo aparente serviu de moldura para as janelas. Uma arquitetura rústica, despojada, leve e ao mesmo tempo, sofisticada, atrai muitos olhares para as janelas.
Da varanda, são muitas e estão em duplas, trios, quartetos, tamanhos e formatos diferentes, olhos abertos para a Praça VEKA, de Cláudio Saladini e Letícia Vieira. São voltadas para o centro da edificação, por onde corre o circuito de eventos. Elas são testemunhas dos momentos principais da mostra, solenes, mas em formas simples e vidros menores, como mandava a indústria vidreira de um século atrás.
Atentamos ao detalhe nas aberturas da Cozinha Greenery, de Diego Viali e Mirian Rodrigues, onde apenas uma parte da guarnição ficou descascada, deixando os tijolos centenários aparentes, em meio a verdes e folhas, procurando a memória do lugar.
Mesmo com o preto ousado do ambiente Back to Black, de Marcelo Wolschick e Alexandre Müller há claridade no cinza das cortinas, transparecendo sutilmente o mundo de fora.
No Gastrocine, de Cris Passing, mais tijolos aparentes, e se revelam encantadores junto às composições de design, dez imensas cortinas caprichadas no formato das janelas, sinuosas nas alturas, elevando os olhares mais atentos.
O preto dá imponência às aberturas do Office Inkor, espaço de Karoline Bertolino e Sidnei Machado. Cortinas se rendem a elas, que estão ali, espiando a varanda da casa.
Uma das visões mais inspiradoras está no Escritório da Influenciadora Digital, de Mariana Pesca. Diante delas, imponentes no ambiente de 60 m2, sente-se o frescor da Praça dos Bombeiros. O visitante se divide entre apreciar os traços em mármore no chão, o forro, objetos de design do ambiente high tech da digital influencer, e o movimento intenso da rua e da praça.
No Loft Uma Sala para Todos, conta-se que ali ficavam, antigamente, os quartos das crianças do asilo. O pé direito generoso do casarão apresenta a exuberância das aberturas que testemunharam um tempo muito diferente, ainda durante a chegada intensa dos açorianos à Ilha. Agora, uma proposta de sala democrática, aberta para diferentes usos com todo o estilo já bem conhecido dos profissionais Rosane Girardi e Alcides Theiss. Uma sala que louva outro tempo, com olhos gigantes e cheios de luz.
O carro agradece as boas-vindas na Garagem Renault de Rico Mendonça, de onde se vê a praça interna sob a luz das propostas da cronologia da vida, estas, traduzidas em um bom punhado de obras de arte.
Outro grupo de aberturas, também à frente do casarão, acolhe um jardim de conceito premiado, enaltecendo a estação das flores, esbanjando perfume de alfazema para quem passar pela rua. O verde dos perfis de portas e janelas conversa com o gramado, com seus ciprestes e o rosa das flores. É o caminho entre o delicado e nobre Quarto do Bebê e a casinha de bonecas de Diogo Lemos e Rita Lemos.
O azul da porta e da parede no Gourmet Living, de Gabriel Bordin, brinca com o vermelho do sofá, e mais uma vez, os tijolos são desnudados, a história exposta no piso, no forro e nas lembranças dos avós do arquiteto. A estante muito simples se acomoda na parede azul para os livros ganharem seus espaços, vindos de antigas estantes e contendo a sabedoria ancestral.
Por fim, liberdade e abstrações que oxigenam a alma despontam nos verdes do Espaço Ubuntu, feito para enaltecer a diversidade, sem distinção de gênero, sem preconceito algum. Feminino e masculino de mãos dadas, são complementos naturais. E olhar para cima e para os lados é um deleite neste lavabo cheio de espelhos, criado pelos talentosos e jovens arquitetos Fábio Pereira Vitorino, Leandro Ribeiro Sumar e Tauan Zanetta. Eles realmente fizeram uma maratona para chegar lá – a Maratona Archathon -, e deram conta do recado.
Assim, nossos olhares vão passeando livremente e inspirando prosa e poesia, ao apreciar as criações dos 46 profissionais que aceitaram o desafio de construir juntos, o sucesso de mais uma CASACOR em Santa Catarina.